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"A CRY BABY é uma parte de mim que eu não queria abandonar." | Melanie Martinez em entrevista para ROLLING STONES JAPÃO




Confira a recente entrevista de Melanie Martinez para a Rolling Stones Japão (15 de janeiro), que adianta a vinda da artista ao país. Nessa entrevista Melanie conta que Cry Baby nasceu de uma necessidade de se expressar em um momento que sua infância foi vivida também sob holofotes, estando presente em palcos aos 16 anos, ela também explica sua relação e compreensão da morte em sua nova obra: PORTALS.



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ENTREVISTADOR: Martinez virá ao Japão em breve, mas esta será sua primeira apresentação ao vivo no Japão. Que tipo de performance ao vivo você quer ter?


MELANIE: Queremos criar um espaço seguro para nos conectarmos com nosso público. O objetivo deste show é levá-lo a uma experiência de outro mundo. Esperamos dar-lhe acesso aos temas: morte, renascimento e transformação, e inspirá-lo a criar algo bonito para si mesmo através de imagens mágicas.



Há algo em particular que você queira ver no Japão, lugares que você queira visitar ou alguma comida que queira experimentar?


Há muitos doces deliciosos que você só encontra aqui. Mas o que estou mais ansiosa para fazer é ir aos jardins e outros lugares lindos da natureza.


O seu último álbum "PORTALS" tem o tema da morte e do renascimento em seu looping eterno, qual foi a sua inspiração para seguir com esse tema?


Eu sempre quis ter minha própria compreensão da morte. Pode ser uma coisa terrível para os outros. Muitas pessoas têm medo da morte e tentam permanecer jovens, mesmo que só um pouquinho, então estão tentando evitar esse evento que todos viverão algum dia. Mas para mim, é um fenômeno misterioso que eu quero entender mais.


Nascer neste mundo é muito repentino e parece assustador, mas ninguém fala disso.


Nascer é considerado uma coisa bonita, e é sobre um novo começo, mas eu vejo a morte desta mesma maneira. É uma mudança, e ela muda você. Tanto a morte, como a vida, significam algo novo.


O que lhe engatilhou para abordar esse tema foi quando você leu um livro sobre hipnoterapia, não foi? Você já experimentou não somente ler, mas também praticar a meditação e outras formas de terapia? Você descobriu alguma nova forma de consciência ou compreensão ao trabalhar sendo uma artista?


Eu fiz diversas meditações e atingi um estado hipnótico. Através dessas sessões, aprendi qual era a conexão entre as minhas experiências desta vida e as experiências das minhas vidas passadas. Mesmo que haja algo que possa tentar me impedir, eu vim a ver isso como mais uma oportunidade de crescer e evoluir. 


O conhecimento recém-adquirido (sobre o que já vivi) pode ser diretamente aplicado a experiências que irei ter no futuro, assim não serei puxada de volta para as dores de meu coração. Agora posso ver minhas emoções de uma maneira muito mais organizada em vez de ficar imerso na tristeza. Como artista, acho que isso é muito útil porque posso expressar essas emoções através de palavras e vibração.


Qual era o sentido de existência "CRY BABY" para você ? E por que ela teve que se encerrar com "PORTALS"?


Para mim, a CRY BABY foi uma escapatória para que eu pudesse expressar o que eu perdi na minha infância. À medida em que fui ficando mais velha, notei que fazer esse álbum e colecionar bonecas e brinquedos de pelúcia vintage vieram de uma situação em que tive que me tornar adulta muito rápido para iniciar minha carreira na indústria da música. Se você se concentrar no seu trabalho e se concentrar na forma que se porta em frente ao público, seu crescimento pessoal pode se estagnar. 


Eu faço isso há anos, na verdade. Eu apareci em um programa de TV na adolescência e não sabia o que estava fazendo, então isso tornou algo muito novo, muito rápido, e mudou a minha percepção, senti que me tornei uma adulta rapidamente. 


Tudo o que eu queria fazer era música. A CRY BABY é uma parte de mim que eu não queria abandonar.


A nova personagem presente em "PORTALS" é uma reencarnação da CRY BABY?


É o mesmo espírito da CRY BABY, mas está em um corpo diferente. Esta é a jornada póstuma dela. Portanto, isso não é a sua reencarnação na Terra, mas em um espaço espiritual entre a morte e a sua futura regeneração.


Como a ideia desse personagem nasceu e tomou forma? A pele é rosa, e o porquê do rosa ser uma cor especial? A razão pela qual existem quatro olhos é porque não apenas o terceiro olho foi aberto, mas também o quarto olho? 


Eu desenho essa personagem há anos e queria encontrar uma maneira de trazê-la à vida. Entrei em contato com Marina Stearns, uma maravilhosa maquiadora de próteses, e fomos testando a modelagem diversas vezes para que a personagem combinasse com aquilo que eu havia desenhado. 


Marina é uma grande artista, colaboradora e amiga, e tenho sorte e sou imensamente grata por a ter conhecido. Rosa será a cor da minha alma. A razão pela qual eu fiz o personagem ter vários olhos é porque eu queria mostrar que eu posso ver mais do que um mísero ser humano.


Como foi o processo de produção do "PORTALS"? Como você pensou e conectou novos personagens, musicalidade, letra e visuais?


Acho que este álbum é uma reprodução para mim. Desta vez, voltei ao meu estilo inicial de composição, de escrever músicas com o violão. Depois de compor diversas músicas ao violão, pensei em conectar a narrativa que estava fazendo nos dois álbuns passados,  e torná-lo uma trilogia devidamente conectada. 


Quanto aos visuais, eu sempre desenho ele completamente em minha cabeça e depois faço as músicas, para que assim a canção surja com mais facilidade. 


Quando se trata do título, escrevo alguns em uma lista com antecedência, então escolho aquele que combina melhor a melodia e a energia dos acordes em que estou trabalhando naquele dia no qual estou fazendo a música. A partir daí, penso no duplo significado do título e do tema da música, e tento criar diversas camadas diferentes ao mesmo tempo. 


Como compositora, é um desafio encontrar vários significados em uma só música. Mas quando consigo decifrar o código, sinto uma grande sensação de realização.


Você sente algo quase que catártico ou de purificação no processo da produção? Acho que há muitos fãs que foram salvos pela sua música, mas você está ciente disso?


Geralmente eu pergunto aos meus fãs que tipo de música eles querem que eu escreva. Pois quero saber o que eles estão passando e como posso ajudá-los através da minha música. 


Eu acho que é um equilíbrio entre conhecer seu público e como você se expressa. No começo, eu também comecei a compor música sem nenhum público, até que eles encontraram a minha música e se familiarizaram comigo. 


E é por isso que quero dar prioridade máxima à minha auto expressão e não penso muito sobre o que os outros esperam de mim. Minhas músicas evoluem e mudam, as pessoas que não conseguem entender essas mudanças acabam sentindo como se eu não fosse a mesma artista de antes, mas eu até gosto disso. Porque eu gosto de crescer e experimentar coisas novas, tanto como artista quanto como pessoa.


PORTALS também foi produzido por você, não é? Cada música contém várias emoções, e há elementos experimentais, como a sensação de um ambiente confortável, uma nova abordagem pop, um som talvez mais simples, mas que também soa áspero, um som que lembra o grunge dos anos 90. Como você pensou sobre esses sons e os abordou na produção?


Eu conduzi tudo o que fiz até hoje, mas estou muito satisfeita com o fato de que que produzi diretamente dessa vez. Porque isso me mostra o quão longe eu posso levar as minhas músicas. Quando eu produzo minhas próprias músicas, muitas vezes componho faixas com base na melodia que ouço em minha cabeça. 


Foi uma experiência muito agradável poder trabalhar desta vez com CJ Baran durante todo o álbum. Ele me encorajou muito a trilhar o meu caminho como produtora. Ele é uma grande inspiração para mim, e sou grata por ter sido capaz de produzir com ele.


O álbum começa com a primeira música "DEATH" e termina com a última "WOMB", e parece uma história como em um filme ou uma viagem com 13 faixas. Como você pensou sobre a ordem, o fluxo e o conceito da música de todo o álbum?


Eu li muitos livros sobre terapia de vidas passadas, especialmente sobre sessões de hipnoterapia. Eu montei um enredo da morte à reencarnação e dei a ele um título que refletia a análise e o seu duplo significado.


Quando você assiste a vídeos de suas performances na PORTALS Tour, o público está sempre cantando muito com você em cada música. Qual é a sua reação quando lança novas músicas?


Cada música me deixa animada de uma maneira diferente, então isso em geral me faz sorrir muito. Toda vez que lanço um álbum, me preocupo com o fato deles não conhecerem todas as novas músicas, mas eles memorizam tudo quase que imediatamente, então sempre sou pega de surpresa. Quando penso que tenho um público tão apaixonado, meu coração fica cheio e grato.


Eu vi uma lista das músicas que você se apresenta ao vivo, mas consistia apenas em músicas do "PORTALS". Você não toca músicas antigas na PORTALS Tour?


Nesta tour sim, mas posso sempre estar preparando alguma surpresa...


Descreva os cenários, figurinos e coreografias da PORTALS Tour.


Eu não quero dizer nada para as pessoas que ainda não viram o show ao vivo... Tudo o que posso dizer é que é tudo muito mágico.


PORTALS será o capítulo final dessa trilogia?


Sim, “PORTALS" é o capítulo final da trilogia da CRY BABY. Estou ansiosa para pensar em novas ideias para os meus futuros álbuns.


Isso significa que o próximo capítulo será algo completamente novo?


Ainda não decidi o que quero fazer no futuro.  Quero tirar um tempo para aproveitar minha vida ao máximo, então quero ter novos tópicos e uma nova perspectiva para criar essas músicas.


O que vai acontecer no futuro? 


O que eu posso dizer com toda certeza é que não vou mais continuar a história da CRY BABY a partir daqui.


Por fim, por favor,  qual mensagem você deixa aos seus fãs japoneses.


Estou muito animada, porque estou podendo visitar esse  lugar que eu sempre quis vir. Espero ver todos em breve, quero sentir a energia. Sou muito grata pelo apoio e por toda a criatividade de vocês. Muito obrigada . Vejo vocês em breve!



FONTE: Rolling Stones Japão.

 

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1 Comentários

  1. Eu achei tão lindo como ela descreveu o álbum,a história da criação do álbum, sobre a personagem e tudo vê ela falar sobre a morte me fez sentir bem como nós vemos e como ela vê e isso e muito bom pra mim ver alguém falar algo tão profundo e sentimental ao mesmo tempo🩷

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