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SIGNIFICADO OFICIAL DE CADA FAIXA DE "PORTALS" | NOVO ÁLBUM DE MELANIE MARTINEZ


Imagem licenciada por WMG - Cedida por Atlantic US

Foram muitos anos de espera, e agora, finalmente, os fãs de Melanie Martinez podem curtir o mais novo álbum conceitual da artista: PORTALS.

Lançado no dia 31 de março desse ano (2023), o álbum finaliza a trilogia de Cry Baby, personagem que nos foi apresentada em 2015, com o álbum de estreia "Cry Baby", a personagem de mesmo nome teve a história aprofundada no álbum posterior "K-12". 

"Portals" tem uma abordagem totalmente diferente do que estávamos acostumados nos trabalhos anteriores, temos uma percepção bem mais "espiritual" da obra, o motivo foi a inspiração  de criação, Melanie deu detalhes em seus stories do instagram de como foi o processo de criação cada faixa do álbum.

Confira em tradução livre feita pela nossa equipe, tudo o que Melanie falou sobre o álbum, e mais detalhes de cada faixa presente:


"HÁ ALGUMA RAZÃO ESPECÍFICA PARA O ÁLBUM SE CHAMAR “PORTALS”?

Tinha um cômodo na minha última casa, que morei por 6 anos, que eu chamava da “Sala dos Portais”. Sempre havia muitas atividades naquele quarto, que vinham do além. Eu sentia que ela era um ponto de entrada ou um chão de pouso para que espíritos benevolentes viessem e descansassem de suas jornadas. 

Eu compus 6 das 13 músicas presentes nesse álbum naquele ambiente, mas é claro que também escrevi outras que acabaram não sendo lançadas. 

Eu ia lá todos os dias e montava oferendas aos meus ancestrais no meu altar, eu meditava e depois começava a escrever músicas assim que eu sentia que as minhas antenas estavam prontas para receberem o contato.

COMO VOCÊ VÊ ESSE ÁLBUM EM RELAÇÃO AOS SEUS OUTROS DOIS? É UMA CONTINUAÇÃO? ELE É ALGO QUE SE SUSTENTA SOZINHO?

Esse álbum é a última parte da trilogia da Crybaby. Eu gosto de pensar que os meus 3 álbuns se sustentam por si só, mas eu planejei sim para que eles se conectassem, mostrando a evolução da Crybaby. 

Eu queria introduzir a personagem, e passar pelas dores do crescer, além da infância com ela, para depois usar a escola como uma analogia da vida e do sistema de poder instalado aqui na Terra como uma sociedade que todos vivemos dentro. 

E agora com PORTALS eu queria desafiar a perspectiva dos meus ouvintes ao dizer: assim como todos nós, o receptáculo da CryBaby aqui na Terra morreu, e agora ela vive como um espírito no cosmos. Foi importantíssimo para mim mostrar a imortalidade de ser humano nesse álbum. Dar esperança para as pessoas de que há vida após a morte.

TEM ALGUM TEMA QUE CONECTA TODAS AS FAIXAS DO ÁLBUM?

Eu tenho lido bastante livros sobre hipnoterapia de regressão a vidas passadas no decorrer dos últimos anos. Eu amei ler a descrição das pessoas sobre essa fase entre a morte e a vida enquanto hipnotizadas. 

Onde eles iam, o que eles viam, e por quê. Depois de ler transcrições suficientes, eu comecei a sentir um desejo imenso de grifar onde todas essas experiências se sobressaiam, assim eu podia criar uma história inspirada na linha do tempo entre a morte e o nascimento.

O QUE VOCÊ DESEJA QUE OS SEUS OUVINTES, SEJAM ELES FÃS OU NOVOS OUVINTES, APRENDAM COM ESSE ÁLBUM? ALGUMA MENSAGEM EM ESPECÍFICO?

Eu espero que o peso da mortalidade que a sociedade colocou nas pessoas se torne mais leve ao ouvirem esse álbum. Espero que o luto se torne mais fácil para aqueles que escutem essas músicas. Que eles possam aproveitar suas vidas ao máximo, sabendo que todos nós estamos aqui na Terra para crescer, criar, sentir, e compartilhar nossas experiências para que possamos ajudar uns aos outros a evoluir.

Imagem licenciada por WMG - Cedida por Atlantic US

DEATH

Geralmente eu já tenho alguns títulos escolhidos bem cedo na fase de conceitualização do álbum, antes mesmo de compor. Esse era um quase que obrigatório, eu simplesmente não estava conseguindo chegar em um resultado satisfatório nas outras vezes que tentei compor com outras pessoas. Um dia eu sentei no meu quartinho dos portais sozinha e comecei a cantar melodias. Eu ouvi um espírito com uma voz em um tom totalmente diferente do meu repetir, essa melodia que eu havia cantado sozinha em voz alta, no silêncio, e isso fez eu me arrepiar toda. 

Eu estava com um pouco de medo no começo, mas continuei mesmo assim, usei essa melodia como uma confirmação do além. Escrevi os acordes depois de horas pesquisando pela omnisfera por um instrumento que reverberaria pela minha alma. Adicionei uma simples batida de bateria em looping no refrão (que mais tarde foi substituída na produção do meu colaborador favorito, C.J Baran, e por uma bateria de verdade tocada por Ilan Rubin da banda Nine Inch Nails, que também tocou bateria em algumas outras faixas). Quando eu finalizei a música, eu a toquei pra minha melhor amiga de 22 anos de amizade, que é como uma irmã pra mim, no mesmo dia. 

Ela tinha acabado de passar por várias perdas em sua família. Quando ela ouviu as músicas com seu fone de ouvido, lágrimas escorreram pelo seu rosto. A música terminou e ela olhou pra mim e disse "É essa".

VOID

Essa foi a primeira música que eu produzi completamente sozinha, e também foi no meu quartinho dos portais. A primeira coisa que eu fiz foi criar uma batida com o baixo. Foi a exata melodia de uma gravação de voz que eu havia feito dias antes. A melodia do refrão e as letras vieram de uma só vez depois de eu criar esse looping. Eu também fiz um looping simples de bateria, que depois foi substituído na mixagem pelo Rhys Hasting. 

Eu me lembro de gritar o refrão enquanto chorava. Senti como se fosse um peso sendo levantado em cima da minha ansiedade, do meu cérebro, e se encaixou perfeitamente no segundo estágio. Um abismo. Um lugar escuro onde você é deixado sozinho com seus pensamentos introspectivos, para que você encontre uma luz dentro de si mesmo.

TUNNEL VISION

Escrevi essa quando estive no Havaí em fevereiro de 2021 com o Kinetics & One Love. Nós estávamos cercados por rãs coqui, o som da chuva batendo no telhado, uma conexão pura. 

Eu queria fazer uma música que falasse sobre o estágio de passar por um túnel de cantigas familiares e imagens que tornassem a transição para o outro lado mais fácil, e ao mesmo tempo escrever algo que tivesse múltiplos significados, para que as pessoas pudessem se identificar em mais de um só jeito. 

Essa faixa vazou no mesmo ano quando hackearam um drive, tomou tudo em mim para não descartar essa música. Mas eu não consegui escrever uma música melhor sobre esse túnel, logo a canção permaneceu.

FAERIE SOIREÉ

Houveram diversos dias em que eu sentei no meu quartinho dos portais querendo criar algo fora das minhas próprias percepções. Eu pedi para Jeff Levin (meu representante na gravadora) que me mandasse o máximo de faixas instrumentais criadas por outros produtores possíveis. Depois de vasculhá-las por um tempo, havia uma faixa chamada “Respect Vol 1” que veio de um produtor chamado Hoskins que me marcou. 

Era uma batida de bateria junto de uma guitarra que criava um Groove infeccioso. Eu compus a música bem rapidamente. Eu ficava dançando ao escutar ela, deixando essa energia das fadas tomar conta de mim. Senti como se fosse o estágio de regressão à casa. Conectando com a alma de minha família. Um sarau espiritual entre eu e meus guias feéricos.

LIGHT SHOWER

Tem um lugar no pós-morte que as pessoas que estavam sob efeito de hipnose descreveram como um chuveiro de luz que limpava a alma. Um lugar onde raios de luz coloridos por joias brilhavam por cada centímetro de sua alma, limpando seu espírito de todos os traumas que ele havia vivenciado em sua vida passada. 

Lhe restaurando para a sua vibração original. Eu lembro de ler sobre isso enquanto estava sentada no telhado da minha garagem, imaginando como aquilo seria, enquanto os raios de sol batiam em minha pele. Algumas semanas depois eu estava sentada em minha banheira com um violão e fiquei a noite toda acordada compondo essa música de amor sobre esse banho de luz, assim pude criar camadas de diferentes significados. Essa também foi a primeira música que compus para esse álbum.

SPIDER WEB

Se um dia eu for dar aula sobre como escrever uma música conceitual ou temática, essa seria a música que eu usaria como referência. A interligação de todos nós, e sentida por aqueles que fazem hipnoterapia, eu mesma senti quando eu participei de uma sessão e foi aí que soube sobre o que queria compor. 

Eu queria dar uma mudada, então eu encontrei essa oportunidade de criar um duplo significado para a ressonância terráquea. Então, “SPIDER WEB” também fala sobre o quão forte as redes sociais nos tem em suas mãos. “Se alimentando dos nossos pontos altos e baixos, curiosos para nos ver passando por dificuldade, ninguém pode sair uma vez que emergimos.” Eu compus essa com meu violão na salinha dos portais, gravei no bloco de notas e mandei para o CJ. Ele criou o incrível instrumental presente na faixa no mesmo dia, e até criou o drop perfeito com barulhos feitos com sua própria boca, criando essa vibe extremamente aracnídea.

LEECHES

As pessoas descreveram a vida pós-morte como uma espécie de escola, projetando em suas vidas passadas como as pessoas que eles reencarnavam juntos, assim se colocando no lugar do outro. Mostrando como eles poderiam lidar da melhor forma com os conflitos vivenciados na Terra em suas próximas vidas. As próximas músicas falam sobre esses conflitos. 

Eu gosto de acreditar que planejamos eles em conjunto antes de voltarmos, engatilhando uns aos outros a evoluirmos. Vivendo na cidade mais monótona e isolante, Los Angeles, eu decidi compor “LEECHES” sobre as pessoas que vivem aqui pelos motivos errados, e como eles agem perto das pessoas que estão nos holofotes. Eu compus essa música em cima de uma das que me foi enviada originalmente, e depois adicionamos mais alguns detalhes na produção que foram feitas pelo CJ, que finalizou tudo com uns acordes de instrumentos de corda ao vivo, tocando no lado emocional, puxando as cordas de nossos corações.

BATTLE OF THE LARYNX

Essa foi a última música que eu fiz para o álbum. Foi em maio do ano passado, eu voltei pro Havaí para a mesma casa que escrevi “TUNNEL VISION”, e o CJ me acompanhou trazendo a última celebração nas últimas sessões antes de declararmos o álbum como finalizado. Eu peguei meu violão e escrevi essa música rapidamente do lado de fora da casa. E então o CJ adicionou camadas de magia na produção, como ele sempre faz. 

Rhys gravou os toques de bateria um pouco depois. Criando esse momento de urgência, tornando o assunto da música ainda mais necessário. Eu escrevi essa sobre o conflito entre dois tipos de pessoas, uma que grita um monte de baboseiras bem alto tentando intimidar os outros, já no outro lado, temos a pessoa que pensa bem antes de usar as suas palavras e as diz com calma, mas com ênfase para deixar seu ponto bem claro.

THE CONTORTIONIST

Eu nunca vou me esquecer dos sorrisos intensos que eu e CJ sentimos quando criamos essa música. Um momento real de colaboração onde ambos sentimos um estalo em nossas antenas, como uma chamada de telefone bem alta. 

Uma grande parte do nosso processo era criar as músicas e depois escolher as nossas favoritas, aí entrando na cabine de gravação e criar as melodias na hora, costurando os melhores momentos juntos, depois eu ficava andando em volta da piscina escrevendo a letra que se encaixassem no ritmo. As risadas descontroladas que você escuta são dos takes que eu fiz. O conflito dessa música é sobre como você se desdobra para pessoas que não te aceitam como você é.

MOON CYCLE

Escrevi essa música junto de uma das faixas instrumentais que me foi enviada, era um looping de guitarra criada por Pearl Lion. Em todos os meus álbuns eu gosto de incluir pelo menos uma música sobre um assunto polêmico, sendo algo que muitas pessoas enfrentam, mas quase ninguém na indústria da música fala sobre. 

Eu queria escrever uma música divertida, leve, sobre ser uma pessoa que menstrua. Como o nosso sangue representa vitalidade e vida. Eu queria que o refrão fosse bonito usasse analogias sobre sangrar que parecessem doces. “Suco derretendo como framboesas, romã é tão assustadora, como a minha alma fez ele uivar para o meu ciclo da lua, querido.” Os ruídos que iniciam a música são as minhas cólicas, eu as gravei com o meu celular. 

Com o conflito da sociedade patriarcal fazendo uma lavagem cerebral nos homens cis héteros a acreditarem que eles têm algum dizer no corpo de outras pessoas, e também sobre o nojo que eles sentem ao tocar no assunto da menstruação. Eu queria fazer essa faixa ser extremamente desconfortável para essas pessoas, ao descrever um homem que ama transar dentro do ciclo menstrual.

NYMPHOLOGY

Compus essa faixa com o C.J e com o Nick Long. Foi uma sessão bem divertida. Nós criamos diversas vibes diferentes, mas foi essa que permaneceu mais com a gente. Eu queria que fosse meio mal criada, sendo então um comentário sobre a caixa que alguns homens colocam as pessoas que se apresentam como mulheres dentro, nos chamando por nomes como “uma fada maníaca, uma garota sonhadora.” Sendo forçada a atuar nesse papel de mãe e cuidadora, enquanto eles nos enganam e nos chamam de loucas no instante em que nos expressamos como nos sentimos.


O interlúdio no final dessa música na verdade se chama “Amulet.” Meu namorado Verde, estava fazendo uma limpa em seu computador e o instrumental começou a tocar do nada e meus ouvidos ficaram aguçados. Era uma faixa que ele havia produzido há alguns anos que estava lá parada coletando poeira digital. 

Eu imediatamente escrevi algo em cima dela, mas uma música inteira acabou sendo bem complicada, eu a amei e não tinha ideia do que fazer com ela. Então, em um dia aleatório eu estava no estúdio e pensei: "E se Amulet fosse um interlúdio para uma das outras músicas?" E como algo do destino, a última nota de NYMPHOLOGY é a primeira nota de Amulet. Se encaixando perfeitamente como um quebra cabeça.

EVIL

Minha música favorita sobre conflitos! C.J criou uma batida com o violão e a colocou em loop, eu andei em volta da piscina por uma meia hora compondo a letra e a melodia. Fluiu com facilidade e sem esforço. Acho que é porque eu tinha acabado de passar por um ponto em que minha mente tinha processado o meu último relacionamento.

Eu queria que a letra fosse a mais feroz e mais “bucetuda” que eu já fiz. Toda vez que eu terminava uma frase eu parava e pensava “Não, ainda não está má o suficiente.” É sobre lidar com um narcisista que não ironicamente te chama de malvada só porque você conseguia ver por trás das mentiras dele. Eu passei um dia inteiro arruinando as minhas cordas vocais quando gravei essa. Definitivamente é uma das mais difíceis de se cantar.

WOMB

Eu sabia que queria que o álbum terminasse com uma canção chamada de útero. Essa foi uma das músicas que escrevi cedo, lá por 2020. Tive uma sessão com Omer Fedi como parte de uma semana que compus com diferentes pessoas. Omer começou a tocar essas lindas notas em seu violão, eu pedi para que ele as tocasse sem parar, enquanto eu olhava pro canto da sala e começava a compor as letras. 

C.J e Rhys vieram e gravaram a bateria quase 2 anos depois dela estar completa. Essa faixa foi escrita com a perspectiva de adentrar uma nova vida. Os sentimentos de entusiasmo que crescem quando você está prestes a esquecer de tudo o que você sabe sobre si mesmo, para que a sua alma possa levar suas experiências, e seu progresso na Terra para frente."

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Ouça "PORTALS":

Escolha sua plataforma de streaming favorita, clique aqui.

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Tradução: sleepyboyeyes

Post: isoqueira

Revisão: isoqueira, kmnnedy


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15 Comentários

  1. Mel segue sendo incrível

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  2. Mel sendo incrível como sempre, eu amooo tanto essa mulher 🧚‍♀️✨️✨️

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  3. Obraprima, já é o melhor Álbum da carreira

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  4. essa mulher é um GÊNIO! me sinto ainda mais conectado com o PORTALS depois de ler tudo isso <3

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  5. Simplesmente mágico 🧚‍♀️💗

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  6. Esse álbum é curador de almas, sinceramente. Estive comentando com minha amiga espírita o quanto as músicas estavam ressonando como espirituais em algum ponto.

    E ler isso agora confirmou tudo que eu estava sentindo ao ouvir as músicas, e o quanto cada uma tem uma analogia ao mesmo tempo terrena e outra espiritual.

    Basicamente, a Mel está curando nossas almas nessa produção, amo uma mulher! ༎ຶ⁠‿⁠༎ຶ

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  7. Crybaby:7anos,K-12:12anos,portals:18anos 7 12 e 18 são as minhas idades de quando eu vi os álbuns sempre fui sua fã mel espero que em 2050 você publique mais um álbum foi bom ver a tragetoria da cry baby todas as suas palavras tem um significado maravilhoso meu nome é pyêthra sou sua fã

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  8. sem dúvidas Melanie Martinez se esforçou muito para fazer "PORTALS". Ñão é fácil compor, produzir uma música (Eu não só falo de "PORTALS" mas e sim de "CRY BABY"e "K-12") com referências simples mas que deixam tanto o álbum quanto as músicas perfeitas. Melanie Martizez sempre arrasa em suas carreiras sendo elas de fazer clipes ou de cantar :))

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  9. Simplesmente maravilhoso. Melanie Martinez é uma pessoa incrível. Desde o primeiro álbum, há algumas músicas que sinto que me identifiquei. E ouvir elas me faz ficar bastante feliz com quem eu sou. Te agradeço, de sua Querida fã!

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