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Reprodução: littlebodybigheart / Instagram |
Em entrevista para a Black Book, Melanie Martinez se aprofundou ao explicar sua arte e visão de mundo; contou novidades sobre seus trabalhos artísticos futuros como EP, álbuns, clipes; disse também que pretende lançar seu próximo perfume e lançar uma marca de roupas e livro de fotografia e poemas. Alguém segura essa mulher. Se deliciem com a entrevista completa traduzida pela equipe Melanie Daily Brasil:
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Entrevistador: Para começar, o que está fazendo em quarentena? Onde você esteve?
Melanie Martinez: Estive em casa em Los Angeles, usando minha máscara para ir ao estúdio. Estou terminando meu EP, tirando fotos, trabalhando com tratamentos de vídeo, storyboards, escrevendo meu próximo álbum, e trabalhando com o roteiro do meu próximo filme. E também pintando, dançando e passando tempo com minhas cadelas. Minha melhor amiga desde a infância acabou de se mudar de Nova York para Los Angeles, estou me sentindo muito grata. Agradecida pela boa saúde, inspiração e pessoas genuínas que me rodeiam.
“Fire Drill” apareceu pela primeira vez nos créditos finais do seu filme K-12 do ano passado. Como esse filme foi recebido por fãs e críticos?
Nunca terei uma compreensão completa de como o K-12 foi recebido por todos. Baseado em mensagens que recebo, parece que as pessoas ainda estão assistindo e encontrando detalhes que perderam na primeira vez. Eu vi várias crianças dizerem que o filme tem ajudado com seus distúrbios alimentares e dismorfia corporal, também lindando melhor emocionalmente com valentões — entendendo como as pessoas projetam suas dores nos outros — cortando pessoas tóxicas de suas vidas, tendo mais confiança para se defender, etc. Além de ser inspirador para criar suas próprias artes e músicas. Tem sido uma bela jornada.
“Play Date” acabou de se tornar ouro. O que você acha que tem no álbum Cry Baby que faz com que as pessoas ouçam até hoje?
O tema da nostalgia sempre encontrará pessoas voltando a ele. O álbum Cry Baby não era apenas sobre experiências da infância, mas também tinha muitas camadas de múltiplos significados que podem ser aplicados a vida adulta também. Eu coloquei tanta energia em criar esse álbum com o propósito de trazer cura para as pessoas de alguma forma. Acho que quando você coloca uma intenção assim, naturalmente as pessoas entendem no momento delas.
O mundo de Melanie Martinez parece intensamente holístico — parece que está tudo relacionado. Existe algum tipo de “manifesto” estético e/ou filosófico no trabalho? Ou as coisas acontecem naturalmente?
Minha criação vem do meu íntimo, da conexão com minha intuição. Tenho um estilo bem particular que vem de forma natural. Seja minha roupa, casa, arte, visual... estou escolhendo com base no que minha intuição diz.
“Fire Drill” começa com a frase, “Eu nunca me encaixei em nenhuma categoria/ Sempre fui considerada uma excluída/ Desde que eu estava na escola dominical...” Se eu pudesse ser franco, muitas vezes parece como se a “estranheza” de Billie Eilish e Halsey é muito encenada e rígida, enquanto você parece completamente sincera sobre não se encaixar. Quão jovem você era quando se sentiu que não se encaixava?
Muitas pessoas sentem que não se encaixam. Porque nenhum de nós nos encaixamos de verdade. Estamos num planeta isolado. Pensem no quão solitários devemos ser para que a compreensão geral da vida humana seja tão importante. O consenso geral é que somos a única vida inteligente que existe, quando nem sequer exploramos as profundezas dos oceanos da Terra ou os infinitos planetas e estrelas que existem no universo. Por que uma vida alienígena falaria conosco quando não estamos nem perto de dominar a arte de conversar entre nós? Estamos todos vivendo nossas próprias experiências individuais, então é claro que com isso, nos sentimos como se não nos encaixássemos. Como artista, eu me expresso através da minha música para me conectar com as pessoas e me sentir um pouco menos solitária.
Outra passagem lírica diz: “Eu não sou do governo, eu não faço parte dos homens fodidos, eu não sou parte de nada que é odioso, o amor está transbordando pelos meus poros.” Você parece estar rejeitando ativamente a cultura de "coitadismo", em um momento em que é uma maneira muito elegante para os artistas se venderem. “Oh, olha que bagunça eu sou.” Isso é uma coisa consciente para você agora?
Escrevi aquela parte como um afirmação positiva para nos livrarmos do condicionamento internalizado que absorvemos durante todo o tempo que vivemos aqui. São lembretes para que entendamos que ódio precisa de cura e transformação. Lembretes de amor e luz que podem ser o catalisador para essa cura e transformação. Eu acho que é lindo e poderoso como cada artista decide se expressar. Eu não acredito que seja da jurisdição de ninguém colocar um rótulo de “coitadismo” na expressão de qualquer artista e sua dor.
O que podemos esperar do próximo EP After School?
Músicas que são muito mais pessoais e menos focadas na personagem Cry Baby, e mais expressivas de minhas próprias emoções e experiências, principalmente.
Por que a escola está tão fortemente no seu mundo lírico?
Eu escolhi a escola como o conceito para o meu segundo disco, porque eu queria expandir o universo da Cry Baby, criar outras histórias e personagens que as pessoas pudessem se identificar e se conectar. A escola é apenas um dos muitos microcosmos da vida. Encontramos as mesmas lições, padrões e dinâmicas com as pessoas na escola e na vida adulta, assim como fazemos a cada vida.
O mundo visual de Melanie Martinez é completamente estilizado por você?
Sim. Meu estilo é minha realidade. Vivo nela todos os dias. Expresso o que me parece mais natural naquele exato momento. Fico ligada e entro no que mais se encaixa para minha arte e minha vida.
Você se dedica muito no conceito visual em um momento em que a cultura é mais voltada para o curto, agradável e descartável. Há outros grandes planos para o futuro que possa compartilhar?
Tenho muitos planos para o futuro. Mas atualmente eu estou trabalhando no meu próximo álbum/filme, planejando vídeos clipes para o EP After School, desenhando roupas para uma futura marca de roupas, trabalhando em outro perfume, escrevendo poesia na esperança de fazer um futuro livro de fotos/poema, e aperfeiçoando meus trabalhos.
Você tem uma base de fãs dedicada e fanática. Como você os descreveria?
Extremamente observadores, criativos, apaixonados, emotivos e obsessivos. Me identifico com eles. É claro que expresso essas características de um jeito muito diferente. Eu uso minha música e arte como uma saída. Não acho saudável colocar humanos em pedestais ou idolatrar eles. Gostaria de inspirá-los a direcionar essas energias criativas para criar suas próprias visões, artes, músicas e propósitos.
Agora descreva Melanie Martinez em dez palavras ou menos.
O receptáculo (corpo) que escolhi desta vez.
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Entrevista original: Leia aqui.
Tradução: Kenny e Isa.
Revisão: Isa, David.
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