ENTREVISTA: Melanie Martinez bate papo com a KIIS FM (TRADUÇÃO)

Com várias entrevistas recentes, Melanie Martinez concedeu mais uma entrevista online, dessa vez para a KIIS FM. Num papo descontraído, Melanie contou sobre seu novo EP, bloqueio criativo e mais. Confira a entrevista completa traduzida pela nossa equipe:

"Entrevistador: E aí?

Melanie: Olá, como você está?

Eu estou bem e você?

Estou bem.

Você sabe o que estou achando engraçado? Por acaso este é o seu quarto?

Não, essa é uma salinha de estúdio, tenho umas caixas de som montadas e um teclado, aí fico criando algumas batidas e tento criar música sozinha por aqui.

É exatamente assim como eu imaginava que o seu quarto seria. As pessoas te falam isso?

Sim, sim. A maioria das pessoas que vêm até a minha casa se sentem assim, porque é tudo pintado com cores pastéis, e tem coisas vintage, sabe? Tem algumas pelúcias, entre outras coisas loucas do tipo. Então é isso, é divertido.

Isso reflete muito quem você é, adorei.

Muito obrigada.

Enfim, como você está? Como tem lidado com esses tempos de quarentena? O que tem feito?

Tem sido bom, tenho um passado tempo com as minhas cadelinhas, fazendo músicas para o EP que deve ser lançado em breve. Tenho terminado de mexer na mixagem, escrevendo o conceito para os clipes e me mantendo inspirada.

Amei que você tem isso de se manter inspirada nesses tempos, porque se conversar com as pessoas, irá ver que tem bastante gente que não quer fazer mais nada ultimamente.

Sim.

Você conseguir fazer isso é ótimo.

Sim, eu passei por um tempo tendo um bloqueio criativo para composições, é muito ruim, e agora estou conseguindo me livrar desse bloqueio. Quando você dá uma organizada no seu ambiente, se desapega de algumas coisas, consegue se livrar da energia de coisas que não te servem mais, sabe? Você consegue transformar essa energia, e isso vai desbloquear o seu eu criativo.

Entendo.

É nisso que venho trabalhando.

Isso é muito interessante. Então, quando você passa por esse bloqueio, é frustrante?

Sim.

Imagino.

É uma coisa chata, sinto que pego pesado comigo quando passo por isso, sabe? Mesmo que seja algo temporário, começo a me perguntar “Será que perdi minha inspiração? Perdi aquilo que me faz sentir viva?”, que nada mais é que criar, e sempre que não consigo fazer isso, me sinto desencorajada, mas no fim do dia eu sempre volto ao normal, porque tudo se trata mesmo de mudar a sua perspectiva, viver um pouco a vida e ser paciente consigo mesmo.

Você sabe explicar quando acontece?

Sim, eu consigo sentir quando estou passando por um grande bloqueio, mas quando saio dele é como se estivesse chegando a superfície, saindo da água, conseguindo respirar novamente, você sente essa tremenda diferença, de quando está segurando a respiração e se sente presa nessa energia e de quando você está respirando ar puro novamente.

Com toda certeza. Conta pra gente o que você está fazendo para se inspirar durante esses tempos, para aqueles que não estão se sentindo inspirados.

Honestamente, eu encontro inspiração em diversas coisas, principalmente quando estou passando por momentos difíceis, nos bons também, todos os tipos de emoções me inspiram para falar a verdade.

Pois é um meio de expressar a minha arte, é como se eu tivesse um jeito de expressar aqueles sentimentos e tenho uma ligação com isso, mas normalmente quando estou triste, tento fazer músicas que me fazem sentir melhor, é como eu filtro para me expressar e ter um resultado que eu me sinta conectada.

Com toda certeza, sabe, é muito interessante, pois muitas pessoas quando estão tristes gostam de escrever sobre esses momentos e provavelmente isso as leva de volta para aquele sentimento e faz elas se sentirem tristes novamente. E é bem legal que você escreva músicas que façam você se sentir feliz, mesmo nos seus momentos tristes.

Sim, exato, é meio que transformar energia negativa em positiva.

Totalmente. Você é o tipo de pessoa que fica vendo o que as pessoas estão dizendo quando você lança um clipe no YouTube?

Eu leio as mensagens, os directs do Instagram, vejo o que as pessoas querem me dizer, como a minha música e arte os afetou e como eles se sentem sobre isso, mas não leio os comentários do YouTube.

Como são as mensagens que você recebe das pessoas?

São muito diferentes umas das outras, mas a maioria é sobre o K-12, o projeto que lancei. Elas falam sobre suas perspectivas sobre o filme, como elas se sentiram, sobre os seus corpos e seus propósitos ou como foram inspiradas para fazer suas próprias arte. É maravilhoso, sempre foi meu objetivo me expressar e inspirar alguém a se expressar também e ter poder de se curar por meio da arte, eu acho que isso é muito poderoso.

Você já parou pra pensar quando alguém chega e te fala que você ajudou a passar por uma situação difícil, esse sempre foi seu objetivo?

Sim, minha intenção é criar algo positivo, que cure, que possa ajudar de algum jeito a pessoa a se transformar e melhorar, como uma direção positiva, mas sim, é isso, nós artistas somos humanos e todos passamos por nossos próprios problemas internos, ansiedade e depressão, e todas essas coisas e quando fazemos música é o jeito que tentamos nos expressar. As pessoas se conectarem com isso nos faz ser menos solitários, é muito bom.

Você sente que tem algo da sua infância que molda a pessoa que você é hoje? 

Sim, minha família tem sido uma parte muito importante da minha vida, eles me apoiam e encorajam, me ajudando em muitas coisas da minha vida, e meio que minha inspiração foi minha mãe, ela e meu pai... minha mãe é uma grande inspiração, é uma pessoa que trabalha duro, ela é foda; me inspira muito para canalizar minha energia e melhorar minha vida, me cuidar, cuidar da minha saúde mental, das minhas emoções, de meu corpo e até da minha espiritualidade.

É exatamente isso que me vem a cabeça quando penso em mães. Elas podem carregar o peso do mundo nas costas, e os pais choram quando ficam doentes, se tornam uns bebezões, mas as mães enquanto isso, estão cuidando das crianças, vão ao trabalho mesmo estando doentes e os pais mal conseguem se recompor para sair do sofá.

Sim, isso é muito verdade. Amo isso.

Vamos falar de Play Date rapidinho. Falando nisso, vi você performando em Austin e você é muito boa no que faz. Sua voz é ótima durante a apresentação. Qual sua parte favorita quando está no palco se apresentando para as pessoas?

A conexão que rola lá. Tem muita energia num mesmo local e todos nós estamos cantando ao mesmo tempo, esse sentimento é muito mágico, não dá para comparar com mais nada. Não sei explicar, é um sentimento profundo e lindo que tenho a honra de poder viver.

Toda aquela energia, com as pessoas cantando suas músicas, letras que você compôs, é muito louco.

É muita coisa. É muito intenso, mas é incrível.

É mesmo?

Sim, é.

Quanto?

A música vem da dor e quando você está cantando, você volta para o sentimento do momento quando escreveu. Vemos as outras pessoas se conectando com ela, porque elas também sentem aquela dor de alguma forma. Se torna um momento tão intenso de emoções à flor da pele.

Entendo, acabamos desviando do assunto, vamos voltar para Play Date. Posso te passar minha interpretação de Play Date? É tipo uma pessoa que não necessariamente quer se comprometer, enquanto a outra parte está completamente comprometida, não?

Sim, é exatamente isso. Todo mundo já passou por isso, todo esse comprometimento superficial, enquanto você quer mais com a pessoa, quer uma conexão mais profunda, é disso que se trata. É sobre querer uma conexão real com alguém.

E você passou muito bem a mensagem na letra, também tipo “Eu te quero também”.

Sim, tipo “Estou pouco me fodendo para você mesmo”. (Risos)

Mas na realidade lá no fundo você quer a pessoa…

Sim, você quer, por isso que a última parte é “Você sabe que me importo muito com você”. (Risadas).

O áries dentro de você fica se doendo e emotivo? Estou certo, né?

Você disse Áries? Sim, meu Vênus é em Áries. Eu tenho um destaque no meu Sol em Touro, Lua, Mercúrio e Escorpião.

Então é tipo, bem profunda. Você é meio misteriosa ou não?

Hmm, sim, definitivamente tive uma fase emo quando estava no ensino médio e tal, e agora como adulta, sinto que estou sempre nesse estado emocional de simplesmente ser eu, sei lá, todos somos bem emotivos do nosso jeito, mesmo se ocultarmos isso, embora ache que eu seja bem expressiva.

Acho que você é boa nisso, quando você está compondo as pessoas conseguem sentir toda a emoção, quando está nos palcos performando, vejo que conseguem enxergar essa emoção e isso induz a curtir muito mais o show, porque sabemos que você não está só lá em cima, só estando lá, você está dando tudo de si na performance que está apresentando.

Obrigada, muito obrigada.

Sendo assim, o que vem por aí, Melanie?

Hmm, músicas, tem músicas chegando em breve, estou muito animada pra isso. Estou com um EP de 7 canções chamado 'After School', e é meio que uma ligação com o 'K-12', mas não é focado na Cry Baby, e sim em mim, nas minhas experiências pessoais. Tem uma música sobre término lá de alguns anos atrás, são tópicos mais pessoais sobre mim e minha vida, quem sou como pessoa, então estou bem animada para lançar.

Nossa, fico muito feliz que você topou entrar aqui no Zoom com a gente por uns minutinhos, demos uma espiadinha na vida da Melanie, na sala rosa dela, que representa ela perfeitamente. Eu amei o papo.

Pra constar amei a sua blusa.

O engraçado é que estamos combinando.

Gostei da figura da rosa também. É um bordado fofo.

Para ser sincero, estou usando rosa para confundir o pessoal para acharem que tô no Pink Sweats, quando na verdade não estou (risos). Muito obrigado.

Muito obrigada, espero que tenha um ótimo dia.

Você também. Agradeço por ter aceitado."

Assista completo aqui.

Tradução: Isa, Chris, David e Eduardo.

Revisão: Isa e Kenny.